domingo, 21 de junho de 2009

Não há duas sem três

Costuma-se dizer que não há duas sem três. Fieis aos nossos costumes, abandonámos o projecto em Tóquio a dois, e abraçámos um projecto a três! Não nos referimos obviamente aos hóspedes do Hotel Cápsula, esses já ultrapassam a dezena até ao final do ano, trata-se sim do mais novo elemento do clã Alves Raio, um rebento ainda sem nome com apenas onze semanas.
Podiamos dizer aqui que esta foi uma questão devidamente ponderada e planeada para que os mais versados nas artes da organização dissessem "Muito bem, tudo bem planeadinho, assim é que é bonito!", mas a cruel verdade é que o dito rebento forçou a sua entrada nos anais dos estrangeiros nascidos em Tóquio e, com data anunciada para 10 de Janeiro de 2010, concorre já com um número ainda não apurado de fetos para o título de bebé do ano. Os incautos progenitores estão excitados com a notícia, e aguardam com alguma impaciência a próxima consulta dia 9 de Julho para ver se o projecto terá nome de macho ou de fêmea.
Na primeira visita ao médico em Tóquio, achámos ainda que o Dr. Sakamoto se tinha enganado e nos estava a mostrar um vídeo de outra grávida, mas constatei após alguns momentos que era mesmo o da Alexandra, além de mau feitio, tinha umas gadelhas enormes... mais tarde reparei que era um braço, mas tudo bem, podia perfeitamente já ter os braços cabeludos.

Em abono da verdade, dever-se-á dizer que nesta fase ainda não é parecido com nenhum dos dois... é bom é que não nos apareça à frente com os olhos em bico, para o bem de todos! Mas uma coisa é certa, quando estiver cá fora vai comecar logo a ajudar na lida do Hotel Cápsula... de pequenino é que se torce o pepino!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

FLASH NEWS: Hotel Cápsula Grand Opening

Já estamos no Hotel Cápsula! Que lugar magnífico, melhor só no mesmo edifício mais para cima, mas vendo bem as coisas, assim abana menos durante os tremores de terra... aliás, hoje de noite parece-me que senti um... mas também podiam ser gases!
Voltando ao hotel, nem precisávamos de tanto espaço, pelo menos só para dois... hummm... é para as visitas, pensavam que estava a lançar a escada para um rebento? Naaahhhh... temos o Xico, que de resto anda louco com a mudança, espreita as vizinhas Japonesas à noite e a cacareja desrespeitosamente ao vizinho Alemão, os síndromas do costume, o galo do tempo que queria ser cão de guarda!



Considerações àparte, se preterimos de um andar no topo do Atago Green Hills Forest Tower, foi para termos mais um quarto para os amigos. Vá toca a marcar a viagem. Em Agosto e Setembro o Hotel Cápsula já está em overbooking, mas de Outubro para a frente está livre e com preços bem abaixo da média para a zona e época do ano. Target price de Outono: uma garrafa de vinho tinto por visitante. Ah, grávidas "pagam" duas! :)

terça-feira, 16 de junho de 2009

Os Alarves

Dizem que o tamanho não importa... e talvez não importe, embora me pareça que estas são normalmente desculpas de mau pagador, mas a quantidade importa certamente... não comecem já a divagar, estou a falar das quantidades nos supermercados como é obvio! É difícil perceber, ou tentar sequer, como se pode ir a um supermercado para comprar uma maçã, uma banana, dez cerejas ou quinze uvas, embaladas com pompa e circunstância, não se vá estragar a pele da preciosa peça única. Mais difícil é aceitar o preço destas doses individuais.
O exercício é simples; uma maçã custa em média 150 Yenes, que são 1,20 Euros! Já as dez cerejas custam em média 900 Yenes, que em Euros dá 7,14... 71 cêntimos a cereja? 142 paus? E eu que pensava que o crime organizado não tinha face no Japão, está em todo o lado! Bem, roubo é roubo, e vice-versa, mas já vimos uma melância à venda por 25.000 Yenes, quase 200 Euros... tudo bem, era quadrada, ou seja, podia-se empilhar no frigorifico e dava para umas boas oito talhadas, mas 200 Euros, FÓNIX!
A partir daqui tudo é passível de ser vendido à unidade, imaginem só o potencial de uma cabeça de alho... ou de uma romã! :D

Mas, já diz o nosso Povo, para grandes males, grandes remédios, e nós arranjámos um. Nome: CostCo, em Japonês, Kosotoko, um Whole Sale Americano, onde só se vendem cenas à grande! O nosso carrinho fala por si: 100.000 Yenes de compras, sim, mais de 800 Euros se considerarmos o aluguer do carro. Os Japoneses estavam loucos conosco, fomos a atracção de final de dia do CostCo, de certeza os gajos mais disparatados do mês, os alarves. Como exemplo podemos contar 100.000 guardanapos de papel entre muitas outras coisas que provavelmente darão para vender à porta dos supermerdados onde o pessoal vai comprar um guardanapinho para limpar o canto da boca... Parvos!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Dia da Independência

Somos independentes! Não, não me enganei no feriado! Não falo da independência de Portugal, essa há muito que foi perdida novamente para os Espanhóis, tanto trabalhinho para nada... enfim, falo da nossa independência, da minha e da Alexandra. Num país onde comprar um veículo tem mais custos acrescidos que o Imposto Automóvel multiplicado de IVA e outras múltiplas tributações que precisávamos de um blog especial para o efeito (se o Sócrates se lembra disto), comprámos bicicletas. É verdade, mas não são umas gingas quaisquer, são umas mega-biclas... ok, iguais a tantas outras em Tóquio.
Mas não se deixem enganar pela aparente vulgaridade das nossas bicicletas, há uma coisa que as torna especiais, a cor! A minha é preta como o Alfa Romeo 159 que devolvi à Ericsson quando viémos para cá, a da Alexandra é cinzenta como o Peugeot 106 dela! Fora isso, pois, são bicicletas... ah, a minha também chia à bruta como o Alfa... que saudades de uma acelaradela! Bem temos sempre o Palácio Imperial... para pedalar!

... faz lembrar o Verano Azul, não é?

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Fat Baixinho

Decidimo-nos por um fim-de-semana diferente, assim mais... diferente! Aproveitámos uma oportunidade única de nos misturarmos com a fauna local num evento de alucinação colectiva, o Big Beach Festival 09. Além de outros DJs de renome, o ponto alto era Fat Boy Slim, Fat Baixinho para os tugas do palito ao canto da boca, e Fatu Boi Surimu para os Japoneses... trata-se de um caso raro de multipla personalidade de um individuo que até deu show, mas já está a dever uns aninhos à cova.


Uma pincelada geral sobre o evento, antes das fotos do dia. Big Beach Festival. Lá big foi, montes de malta, na Zambujeira cá do sítio, a Hakkeijima do Mar! Festival também, a abrir, beach é que não, pá! Venderam-nos uma ideia de festa na praia, a molhar os pézinhos no mar, pela noite dentro, com o pessoal a dormir em sacos cama e a tocar jambés até o Sol raiar... não! Em vez disso tinhamos uma alcatifa verde a imitar relva, o mar... ainda bem que não estava acessível, era mais preto que petróleo, muito mau... aposto que os peixes que ali nadam têm pernas e braços, tal o grau de mutação, ainda nos nascia um bracinho novo! A idiotice maior foi o evento começar às dez da manhã e terminar às oito da noite, a verdadeira japonesada! Imaginem-se pela fresca, acabadinhos de acordar a bombar valentemente e abanar o esqueleto débil numa amalgama de gente louca ao som de música electrónica, a despachar J beer... bolas, está tudo doido?
Rendidos lá fomos, mas melhor que palavras, as imagens enquadram globalmente o que vimos...

"A noiva cadáver"... Outra "noiva cadáver"... tantas!
"O menino Tonecas"...
"A Minie"...
... e o gajo mais sinistro do dia, a personificação do emblemático Nakata que falava com os gatos no romance do escritor Japonês Haruki Murakami, "Kafka à beira mar"... o cabelo? Cera? Graxa? Cocó? Não sabemos, não perguntem... MEDOOOOOOO!
Mas o som estava fixe e, os Japoneses, para tipos certinhos, dão-lhe muito na pastilha e na coca, "LOUCURAAAA... LOUCURA CONTROLADAAAA!"

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Entalado

Já toda a gente ouvi falar na expressão "gato escondido com o rabo de fora", mas tenho a certeza que ninguém ouviu a expressão "Japonês entalado com a mão de fora"! Isso mesmo, mais uma saga no metro. Não sei se é de não usar transportes públicos em Portugal há algum tempo, mas isto por aqui tem-me dado para rir à séria, especialmente quando não é comigo! Ontem foi a vez de um tipo, um dos tais salary men, ficar entaladíssimo na porta do metro, com a mão! Humilhante, metade da patinha de dentro, metade de fora! É estranhíssimo ver um metro, uma caixa de metal enorme sem formas que possamos identificar como humanas, com uma mãozinha... Comecei logo a imaginar a carruagem dizer a quem passasse na plataforma "oh Senhole passageilo, bom dia, dê aí um passou bem!" ou "Vai uma mãozinha!".

Há fotos lindas de empregados de estações a empurrar pessoal para dentro dos metros, a ver se cabem mais sardinhas na lata, mas na verdade os tipos só tratam dos entalados, os que ficam presos com partes do corpo nas portas, os Martim Monizes de Tóquio. Mas podia ser pior (bem Português isto). Bem, a mão deve doer, mas não se deve comparar a um entalão de cauda ou de... até doi só de pensar, imaginem, de manhã cedo no metro... o entumescimento matinal é um assunto incontornável na realidade masculina... uuuiiiii... Mas lá foi o empregado da estação a correr, não sei de onde, nem o vi aparecer, desentalar a pobre mão sem corpo, com a rapidez e destreza de muitos desentalanços. Sem espinhas!
Dava jeito ter um gajo destes sempre à mão, com a quantidade de vezes que nos entalam, no emprego, em casa, no trânsito... olha, tinha-me dado jeito ontem à noite quando me entalaram com um relatório para hoje!

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Cheira a "smell"

Há poucas coisas que me irritam... por acaso não, há muitas, mas há uma que me irrita solenemente, os cheiros! Quem me conhece sabe que eu sou um comichoso de primeira com os cheiros. Então vejam o que aconteceu...
Para começar a semana em grande, lembrei-me de ir cedinho, evitar suicídios vespertinos e despachar trabalho antes de chegarem os meus coleguinhas. Pensei, "Vou na primeira carruagem que a ligação com o comboio da JR é à pele e se for à frente consigo-me safar! FIXE!!! Sou o gajo mais esperto da Ásia, hihihi..." eu e os milhares de Japoneses que se lembraram do mesmo que eu, ignorando o resto das carruagens completamente vazias, preferindo esmagar-me entre o vidro do maquinista e a minha estupidez, é a paga por querer trabalhar demais! Não obstante, o que me deixou mesmo pior que estragado foi ter levado com o sovaco de um gajo perfeitamente encaixado no meu ombro durante um sem número de estações, como se fossem feitos um para o outro, sem sequer lhe poder socar as partes baixas por me encontrar manifestamente manieatado, nem lhe poder chamar alguma coisa que o ofendesse seriamente tal a pobreza do meu Japonês.
Concluindo, comecei a semana com o ombro a cheirar a sovaco... e o ombro tão perto do nariz... dramático... não é daquelas coisas que se ponham para trás das costas... sem parecer um aleijadinho... IRRITA-ME PÁ!!!

Chuva "molha parvos"

Para os que não conhecem, Kokyo, o Palácio Imperial em Tóquio marca o centro geométrico da cidade, onde era antigamente o Edo Castle entre os séculos XVII e XIX. O seu valor imobiliário é equivalente a todo o estado da California, impressionante! A prática de desporto nas suas imediações é especialmente luxuriante aos Domingos quando encerram o trânsito nas avenidas mais próximas.
Àparte desta informação, completamente desinteressante para o comum dos mortais, deixem-me partilhar o nosso episódio triste de Domingo. Impelidos por uma vontade anormal de exercitar os músculos, ressequidos pelo caos da metrópole, fomos fazer jogging à volta do dito Palácio. O imperador e respectiva família, embevecidos com a grandeza do nosso acto, decidiram contenplar o rat race com a encomenda de uma "chuvinha" tropical, mesmo a meio do nosso percurso. Não restava nada por molhar nestes corpinhos sub-nutridos... nada! E os gajos no conforto do Palácio certamente a rir, a adorar o espectáculo, que canalhice... nem uma toalhinha turca mandaram ao pessoal para secar as partes!
Mas cá se fazem, cá se pagam! Quando apanharmos a família Imperial a correr à volta do Hotel Cápsula, vão penar, ah, vão penar mesmo! É preciso é apanhá-los lá... parvos...