segunda-feira, 27 de julho de 2009

Mortinho por chegar a Tóquio

A lei de Murphy diz que quando alguma coisa pode correr mal, correrá mal de certeza.
Ora o nosso regresso a Tóquio com o galo Tonho, primo do Xico, foi seguido
pelo Demo com indisfarçada satisfação, isso mesmo, Satanás, Ele próprio! Começámos com problemas de bagagem no voo da Lufthansa operado pela TAP, em que uma mentecapta nos informou docilmente que os 40kg que o cartão Silver da Lufthansa dá direito, não serve para a TAP, como se o meu bilhete não fosse Lufthansa e a TAP não pertencesse à Star Alliance, e como se eu quisesse saber quem conduz o aparelho, até podia ser um code share com a Linhas Aérias do Menino Jesus, a LAMJ... absurdo! Em Portugal é ver quem rouba mais, "BPN? Nahh, eu roubo mais, esses são meninos, pfff! Para si são 750Eur de excesso de bagagem se faz favor... e é porque é para si!" Tivemos de recorrer a um amigo intemporal que nos ficou entre outras iguarias com 4kg de bacalhau especial asa branca e peso idêntico em vinho do bom e do melhor que nos preparávamos para apresentar à comunidade Japonesa. Quem perde é Portugal!

Já o Demo se igualmente ria do episódio, quando com um requinte de malvadez nos fez esperar 1h30 dentro do avião da TAP, imóvel na pista, por alegadamente estarem a carregar software num computador de navegação. Mas que gaita, se era uma actualização porque é que não fizeram isso antes? "Ah, é só carregar aqui uma actualizaçãozinha do Windows Vista, isto é rápido... só mais uma horinha ou duas!" Faz-me lembrar uma mensagem que me apareceu no outro dia quando transferia uns dados, como quem diz "Espera aí 46.320 dias e 19 horas!", porque não os minutos e os segundos também?

Lá partimos de Lisboa, mas mais se riu Lúcifer quando por via do atraso da TAP perdemos o voo para Tóquio em Frankfurt. Corremos a bom correr quais Obikuelos pálidos, e ainda vimos o avião na gate, mas só para lhe dizer adeus: "Ciao, boa viagem, depois liguem, thá?"... palhaços! Conseguimos um voo para o Japão por, imagine-se Amesterdão, e daí pela JAL para Tóquio, um voo que vai sair caríssimo à TAP! A incompetência a sair dos bolso dos contribuintes que indirectamente têm de pagar voos a todos aqueles que, como nós, perderam os voos de ligação. Mais uma vez quem perde é Portugal.
Chegámos por fim, mas mortos! Parafraseando "Os mortos na bebem!", imortal comentário da personagem alentejana Maria no filme "Mortinho por chegar a casa" de Carlos da Silva e George Sluizer, proponho para o guião desta espisódica intervenção de Belzebu a adaptação para "Os mortos na voam!"
Indiferentes a tudo isto, os primos Xicos e Tonho, felizes pela renião, contemplam da janela a cidade de Tóquio, chuvosa, e falam sobre banalidades... "Tens galado muito por estas bandas?"... "Ui, nem te passa! Tás a ver aquela lá em baixo?"... "Qual, a dos olhos em bico?"... (risos)... "Saíste-me cá um galinho da Índia!"... "Ai o meu canário"...

domingo, 5 de julho de 2009

Hotel Cápsula @ PT

O staff do Hotel Cápsula está durante as próximas duas semanas em Portugal a promover o mais recente hotel de Tóquio e a angariar novos hóspedes. Até breve...

sexta-feira, 3 de julho de 2009

"You must cur inside"

Toda a gente já passou mal na vida pelo menos uma vez por causa do calor. Há pessoas que, como eu, não temem o calor, mas os seus efeitos. O facto de ser caucasiano de raça pura, o mesmo é dizer que se é pálido como os mortos, torna a relação com o Sol numa espécie de amor/ódio, especialmente quando se introduz o factor humidade. Tóquio no Verão é uma cidade insuportável, não fora o grau de desenvolvimento, poderia ser confundida com Luanda. A rainny season estendende-se até ao final de Julho, com calor crescente. Para agravar as coisas, toda a gente espera que um consultor que se encontra com o cliente em reuniões de alto nível ande não só devidamente "enfatado" como também bem "engravatado". Isto é muito complicado para um tipo que nem ao próprio casamento foi de gravata! Antes de chegar a qualquer reunião já um tipo vai banhado em suor. Quando ainda por cima as instalações dos clientes estão três graus acima do normal para poupar energia mais um gajo pinga, vendo o cliente saltar alegremente de nenúfar em nenúfar porque está super confortável de manguinhas curtas, sem gravata e sem casaco... a ira sobe e a temperatura sobe mais ainda!

Esta semana, que nem foi das mais quentes ou das mais húmidas, comecei com uma reunião com os meus clientes favoritos. Tudo bem, até estava frescote quando saí casa, mas quando cheguei a Shiodome, percebi que tinha tomado um duche a caminho sem ter reparado. Praguejei algo como "GAITA!", mas com mais cabelos. Como damage control decidi entrar, já nas instalações do cliente, numa casa de banho para, pelo menos, limpar o suor. Desapertei as calças e a camisa, desviei a gravata e pluf, a toalhita que o pessoal cá usa para se limpar caiu na sanita... Irrecuperável! "GAITA!" - outra vez - "... Ao menos havia papel higiénico." Ensopei uns quantos punhados de papel, que se desfizeram a seu bel prazer no corpinho sub-nutrido de gaijin. Pelo menos tinha eliminado o excesso de "água". Quando encontrei os meus coleguinha Japoneses perguntaram-me com grande lata: "Pedoro-san, feeling hot?", e eu repondo "Man, this is crazy!", e os tipos "You must cur inside"... e eu "Sorry?"... e um deles com um sorriso beatífico "Cuuuur, you know? Cuuur!". Oi? Que raios é cur? Teriam eles uma receita milagrosa? Mas fez-se luz... "Ahhhh, cool inside! Cool inside o c@r#!ho, f#d@-s&!", nem engolindo um lingote de gelo... arrefecer por dentro... são mais parvos! Os gajos obviamente que não suam como eu, são uns esqueletos, que eu saiba os ossos não suam! Resignado, encaminei-me para o vigésimo quinto piso, e cheguei provavelmente à sala de reunião mais quente do Mundo! A partir daí suei as minhas maldades todas. À frente de alguém que estava perfeitamente confortável com o "calorzinho", ouvi-me implorar pelo fim da sauna e pensa "Deixa lá o serviço, isto para ti é de borla, desde que eu possa ir para um lugar fresco!". A coisa arrastou-se, com os silêncios do costume, pensam bué estes tipos, até cheguei a tentar o "cur inside", mas qualquer coisa que me viesse à cabeça só me aquecia mais. Eventualmente acabou o sofrimento, nem sei com o que concordei, as minha notas da reunião estavam tão ensopadas como eu, mas estavam lá os meus coleguinhas para salvar o dia!

O melhor estava no entanto guardado para o fim. Saquei a gravata a caminho do metro e reparei que, estava tão louco com o calor a limpar-me na casa de banho antes da reunião, que não tinha abotoado a camisa nem fechado a braguilha... Priceless, uma reunião inteira com fatinho e gravata, com o ar das grandes ocasiões, mas todo descascado! Bem me parecia que de vez em quando me vinha uma aragem ao... à... humm, pois, isso, aí!