quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Nambar Uane

Há momentos na nossa vida que queremos chegar em primeio, fazer primeiro que todos os outros, ser o número um, em "amaricano", o nambar uane, ou em Japonês, o ichban. Por vezes por pirraça, outras por orgulho. Pode ser ainda por dar mais jeito, para ir acabar o jantar ou porque joga o Benfica. Mas há alturas que é por pura e simples teimosia.
Pois o nosso rebento decidiu ser o primeiro a nascer em 2010, isso mesmo, na noite da passagem de ano, quando toda a gente está embriagada, só para ser o número um, o bebé do ano. É indiscritível a quantidade de canalhices que advêm de nascer a 1 de Janeiro, para não falar do perigo de entrar em trabalho de parto quando toda equipa médica estava na farra. Podem-se listar algumas para referência futura:
- 15 anos sem nos livrarmos do tipo na passagem de ano e vermos os amigos embarcar para os locais mais exóticos cuja diversão é garantida;
- Uma vida inteira a não (conseguir) brindar com um bom vinho no aniversário do rapaz... Por nos termos desgraçado sozinhos na noite da passagem de ano, ou seja, por manifesta impossibilidade;
- Impossibilidade de juntar toda a família para um almoço de aniversário por... manifesta impossibilidade;
- Dar a machadada final no orçamento de Dezembro com uma prenda adicional no mês de todas as festas.
Depois há contradições como nascer no dia Mundial da Paz e não ter dado paz aos pais no dia em que nasceu.
A lista continua, nem é preciso puxar muito pela imaginação, mas há uma coisa que este sujeito conseguiu já no ano zero de vida, estragar a primeira passagem de ano dos pais, de mais três amigos, do médico, das enfermeiras e de todos os que ainda embriagados em Portugal tiveram de felicitar os pais depois do telefonema destes às 5h da manhã. Não dá para acreditar no sentido de timing do cachopo, pior que dizer a palavra "preto" ao pé de um grupo de chungosos no centro de Luanda, pontapear um cão a pilhas ao pé de um activista do Quercus, chamar maricas a um amigo que de facto é gay.

Mas a passagem de ano sempre nos pareceu parva, porque é que um gajo tem de celebrar um momento que ninguém sabe quem começou a contar e se de facto está a contar bem. É isso mesmo, não há mais celebração da passagem de ano, celebra-se agora a passagem do Miguel. Tem vantagem, em vez de celebrar 1 segundo, celebram-se 12 horas!
Considerações àparte, os pais como pais que são, estão orgulhosos do seu majestoso trabalho, uma boca sempre faminta e uns olhos curiosos que deixam antever muita parvoíce!
Ah, já me esquecia, Bom Ano Novo...