segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

"Johnny Bravo'zinho"

É altura de apresentar mais um "amigo" meu do metro, o "Johnny Bravo'zinho". O personagem original faz parte da nossa imaginação de criança, pelo menos da geração Dartacão. Os Japoneses são em geral pouco efusivos no que toca à expressão corporal, são expressivos, mas comedidos. Não necessitam do mesmo espaço para se expressar que os Italianos, e são bastante menos barulhentos que os Espanhóis. Bem sei que os anteriores são os extremos nas duas classes, mas os Japoneses estão muito abaixo em qualquer uma das escalas anteriores. Há no entanto sempre a excepção, aquela que confirma a regra. O "Johnny Bravo'zinho" é um tipo que não consegue, mas não consegue mesmo, parar quieto. Tem uma particularidade interessante; ainda consegue ouvir em reposo, mas é-lhe completamente impossível falar sem um sem número de tiques, alguns a roçar o embaraçoso. Só visto...

No final do video do "Johnny" ainda aparece uma mocinha de corninhos, tudo perfeitamente normal por estas bandas, isto parece um cartoon da vida real. Uma tipa pode passear na rua orgulhosamente com o seu par de cornos, que toda a gente diz "Sim senhor, é um belo par...", e seguem a sua vida. Voltanto ao nosso personagem original, as semelhanças com o verdadeiro "Johnny Bravo'zinho" são incontornáveis, os movimentos rápidos e irreflectidos, os gestos largos e abundantes, a expressão exagerada e cheia de pruridos.

Ok, este tem menos músculos, mas se os Japoneses fossem maiores não podiam ser acondicionados no metro, elevadores e em todos os lugares de dimensões diminutas que abundam neste país. Se os Japoneses fossem todos assim, imagino as sessões de pancadaria nos comboios na hora de ponta... devia parecer a aldeia dos macacos do Jardim Zoológico, "Uuhh mama, do the monkey!"... em Japonês, claro!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

De pequenino é que se torce o pepino

Quando somos novos estamos longe de pensar que um dia, quando menos esperamos, na flor da crise de meia-idade, começamos a desejar ardentemente ter um Porsche e trocar a esposa por uma moça vistosa de vinte anos, cujo prazer sórdido e secreto é amantizar-se com um Moçambicano num qualquer hotel de quatro estrelas pago com o nosso dinheiro. É preciso dizer bem cedo que o Hotel Cápsula não aceita hóspedes que venham só para a pouca-vergonha... ok, até aceita, mas fica bem dizer que não!
Pelas razões apontadas anteriormente, torna-se importante incutir numa criança recém-nascida alguns valores que o ajudem a superar algo que é inevitável, a parvoíce da meia-idade. Iniciei esta semana com o meu rebento de cinco semanas dois workshops importantes para o seu desenvolvimento e integração na sociedade: "Porsche - Sim, mas na idade certa" e "Piropos - Iniciação à selvajaria". Estes dois tópicos são preferíveis a outros items, também importantes, mas menos relevantes: "Arrotos - Como soar um homem desde cedo" ou "Cólicas - Como usá-las em seu proveito". Em parte porque já provou, mesmo na tenra idade, saber usar apropriadamente arrotos e cólicas, aplicando no último caso técnicas de jacto quando os progenitores lhe trocam a fralda, obtendo um KO técnico logo ao soar o gongo. Está pronto para os confrontos da vida... os mais sujos e desonestos pelo menos!O primeiro módulo de "Porsche - Sim, mas na idade certa" consistiu em parquear o seu carrinho de bebé ao lado de um Porsche e anotar as diferenças todas. É uma tarefa tanto mais difícil quando os olhos da criança ainda não focam, o que realça a necessidade deste módulo, para saber identificar o seu carro quando estiver ébrio. Módulos seguintes incluem "Porsche amarelo - Só para jogadores da bola" e "Porsche vs Citröen Saxo GTI - Toda a verdade". Este módulo consiste em decorar e cantar num salão nobre a designar a música dos Clã "GTI"... desafiante para quem ainda só diz "Uaaaa, uaaaa..."! Ninguém disse que era suposto ser fácil.

Detalhanto o conteúdo do "Piropos - Iniciação à selvajaria", o estudante deve dominar a técnica do piropo, adequando-a à situação e tomando partido da sua condição, aliás, módulo mandatório para trabalhar nas obras. Assim, como exemplo, bebés até seis meses, devem usar piropos como "Olha para essas curvas, parecem um biberon da Chicco!", "Oh boneca, a tua blusa faz-me lembrar o esterilizador lá de casa, também dá para dois biberons!", o simples mas eficaz "Chuchava-te toda!" ou ainda "Adorava ser a tua fralda!". Bebés com um ano deverão usar antes "Ajuda-me a andar... nisso!" ou "Parece que tens fome! Queres um dente de leite?". Vamos ver se o tipo é bom estudante... como é sabido os piropos são a forma adequada de enfrentar os desafios da luxúria e descobrir os caminhos do amorrrrrrr... de pequenino é que se torce o pepino!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

"Oh filinhas..."

Com tantas mudanças em 2009, incluindo a apoteótica abertura do Hotel Cápsula e o florescer de um rebento, agora pertencente ao staff do Hotel Cápsula, é dificil eleger um momento do ano de 2009 como o mais marcante. Prefiro antes eleger o momento mais parvo, aquele que dada a natureza civilizada dos Japoneses os leva a fazer coisas verdadeiramente... parvas!É sobejamente conhecido o civismo dos Japoneses, único na Ásia, onde alguns povos comem cães, baratas, cospem à mesa e travam-se de razões usando os próprios punhos no Parlamento. Os Japoneses são portanto únicos na Ásia, talvez como os Húngaros na Europa, aliens! Ora um Japonês não fura filas, está inscrito no seu código genético fazer filas para tudo e mais alguma coisa, sempre, desde que que haja pelo menos outra pessoa à espera daquilo que este Japonês pretende. Fazem filas inclusivamente nas manifestações, algo a ensinar aos sindicalistas da CGTP e UGT.Eis assim o momento parvo de 2009, curto mas hilariante. Comutava na estação de Shinagawa para uma reunião quando um tipo a uma dezena de metros à minha frente pára para consultar o telemóvel. Este tipo é mais alto que a média dos Japoneses, o que pode explicar o que se passa de seguida. Um segundo Japonês, saído das inúmeras plataformas de comboios que param em Shinagawa, avança distraídamente na direcção do primeiro. Ao deparar-se com este parado à sua frente e voltado exactamente para onde se dirigia, faz o que qualquer Japonês faria, pára e inicia uma fila atrás do primeiro. Visto de longe, enquanto me aproximo desta parelha, está uma estação inteira em movimento, pessoas a entrar e sair das plataformas e estão dois tipos a fazer fila no meio da estação, o primeiro consulta o telemóvel, o segundo espera... não sabe de quê! O último, ao esperar pelo menos uns 20 segundos, tempo que demorei até chegar a ambos, começa a achar estranho uma fila naquele local e espreita para a frente do primeiro para ver o que se passa. Quando repara que o tipo só está a consultar o telemóvel, fica piurso e dá-me uma descompustura à moda dos samurais, apontando para os cantos da estação, aí sim, local para se parar e fazer estas coisas. Ainda se virou para trás e soltou um sonoro "Oh filinhas, vai brincar com o telemóvel para o raio que ta parta..."