Se os cães pequenos irritam muita gente, os cães a pilhas irritam muito mais. A falta de espaço, denominador comum numa cidade como Tóquio, leva as pessoas a fazer algumas coisas muito parvas. Tratar no entanto cães ridiculamente pequenos como bébés, quando estes se assemelham mais a ratos, é passar dos limites. Não raras vezes se vêm pessoas a passear os cães em carrinhos de bébé, com touquinhas na cabeça e babygrow Prada não lhes vá dar o frio. Qualquer tipo impelido pelo instinto paternal que espreite distraídamente para dentro do carrinho, manda imediatamente um salto, libertando um: "Fónix, aquele bébé tem focinho!". Dito isto, a coisa piora e toma contornos de esquizofrenia colectiva.
No outro dia, perto de Aoyama, passei por uma pastelaria com um cheirinho que me fez salivar à primeira inalação. Estavam a sair bolos! Entrei e comecei o processo de escolha do bolo mais brutal, o maior e com aspecto mais doce; difícil, eram todos igualmente apetitosos! De repente vejo um casalinho entrar com um carrinho de bébé e atirar lá para dentro um bolinho tipo Donut com recheio vindo da montra, que o bébé recebeu com um "AU, AU, AU!", abanando a cauda. Era um chihuahua! Em pânico, olhei com atenção à volta e estremeci com o letreiro por cima da menina do balcão... "Dog Patisserie"... "huuuuuuh", e saí a correr, estava prestes a comer um biscoito de cão!


Há no entanto episódios que nos surpreendem sempre, mesmo quando pensamos que já vimos tudo. Atentai à figura do motoqueiro, um macho viril, olhar de poucos amigos, barba por fazer e um intenso cheiro a... estrada! Toda esta figura de proeminente rebelde culmina no porte de uma malita ao ombro com um canito lá dentro, que nem sequer trabalha a pilhas convencionais, leva daquelas pilhas de relógio de pulso, das mais pequenas, tal não é o tamanho da criatura... ah, e a cereja no topo do bolo é o capacete pequenino Harley Davidson do cão, a condizer com o do dono, tal Yin e Yen, Bela e Monstro ou Modelo e Detective... medo, mas inseparáveis!
