quinta-feira, 8 de outubro de 2009

"By the book"

Se há uma coisa que se faz bem no Japão é cumprir regras, tudo é feito by the book. Excepção feita quando bebem uns copos, mas ainda assim, há regras que ditam as regras para beber copos.
As regras são portanto para cumprir, mesmo que não façam sentido nenhum. Vou reportar um caso marcante, o dos maquinistas do metro e comboio.

Estes digníssimos cidadãos, cujo trabalho nem sempre é valorizado como devia ser, além de levarem milhões aos seus destinos, coitados, também falam sozinhos durante toda a viagem, aparentemente dizendo que se certificaram a cada momento que tudo está a funcionar como deve ser. Manómetros, niveis, ar dos pneus (ok, não se aplica aos comboios) e espante-se, informando que vão... em frente, como se houvesse outra hipótese num veículo que circula sobre carris. Extraordinária capacidade de orientação, "Aqui neste bocadinho vou em frente!", excelente! Inovador seria "Neste troço de linha onde só posso seguir em frente, vou virar aqui à direita para comer uma bifana!". Mas todos fazem o mesmo, é inútil bater no vidro para os distrair, os tipos entram no modo de rotina e não param, é assim que ditam as regras. Não consigo imaginar 30 anos com um trabalho assim... nem um dia sequer!
Esta semana descobri no entanto algo de novo, um maquinista fêmea! Também informava periodicamente que ia seguir na única direcção possível, mas concentremo-nos no género do maquinista. Uma mulher que conduz um comboio com quinze carruagens, um considerável número de toneladas de aço com mais de um milhar de pessoas que se amontoam nas hora de ponta na Yamanote-sen, que é provavelmente a linha mais movimentada de Tóquio, tem de ser um "ganda macho". Em Portugal há mulheres taxistas, que são bastante machitas; mandam uns palavrões aos outros condutores e deixam crescer orgulhosamente a unha do dedo mindinho. Há também algumas condutoras de TIR; são altos machos, não usam cremes hidratantes, fazem o bigode com lânima, cospem no chão e ainda coçam o suposto tomatinho, ossos do ofício. Esta mocita do comboio nem imagino como será, um diabo à solta! Vejo-a fácilmente a abrir a janela da cabine e mandar piropos às gajas da plataforma "Oh boa! Fazia-te um vestidinho de cuspo...", dentro das regras, claro!

1 comentário:

  1. Hum...

    Estou para ver o primeiro piropo Japonês, nunca assisti a nada disso! Digo mais, acho que os homens mal olham para as senhoras, mesmo quando a indumentária é reduzida! :D

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